O colecionador
Francisco Capelo – A paixão pelos museus

No panorama do colecionismo em Portugal, no século XX-XXI, o lugar de Francisco Capelo é absolutamente peculiar por um conjunto de razões que vou procurar enunciar. (…) Francisco Capelo exemplifica quer a permanência do estatuto elitista da arte e dos seus museus na cultura internacional, quer a atitude mecenática que, historicamente, permitiu a constituição e enriquecimento de muitos museus públicos.
Bem ancoradas nesta cultura marcada pela «distinção» (no sentido que lhe atribuiu Pierre Bourdieu), o que quero destacar são as particularidades do colecionador, raras e extraordinariamente fecundas. A primeira dessas particularidades exprime-se na amplitude inusitada das áreas do colecionismo a que se tem dedicado. No início foi a arte moderna e contemporânea, envolvendo sobretudo a pintura e a escultura internacionais (europeia e norte americana), entre 1920 e 2000; passou depois ao Design e à Moda, com cronologia e geografia idênticas, e saltou surpreendentemente para as artes da Ásia, numa diáspora alargada que vai da China e Japão à India e Timor, passando por diversas culturas do sudeste asiático, mas que tocou também culturas africanas do atual Mali. Estas três áreas de colecionismo foram, no essencial, sucessivas: o Design e a Moda substituíram a Arte Moderna e Contemporânea, e as Artes asiáticas (incluindo a referida marcação africana) substituíram o Design e a Moda.
( Raquel Henriques da Silva )
História da coleção
Para mim, colecionar foi sempre uma grande âncora, uma permanente fonte de extraordinárias aventuras, de novos encontros e experiências
Inspirado na secular ligação entre Portugal e a Ásia, decidi-me por uma longa viagem a este continente em 1999 que me iria marcar profundamente e dar início a duas décadas de muitas outras viagens, de encontros, descobertas e fascínio pelas artes da Ásia. Hoje, a coleção que com paixão e espanto reuni conta com mais de 1300 obras de arte que abrangem uma grande variedade de suportes e estão associadas a diversos períodos históricos e a diferentes países do sul, do leste e do sudeste da Ásia.
A Coleção foi criada desde o início com o objetivo de dar a conhecer a Ásia “real” ao público português e não simplesmente o encontro entre os portugueses e esse continente. Também foi minha intenção tornar esta Coleção pública e expor as suas obras de arte de forma permanente através da abertura de uma “Casa Ásia” em Lisboa.
( Francisco Capelo )