P. António Júlio Trigueiros sj (Académico correspondente da Academia Portuguesa da História e Investigador integrado do Centro de Estudos Clássicos da FLUL)
A iconografia dos primeiros mártires jesuítas do Japão, Paulo Miki, Diogo Kisai e Joao de Goto, no altar-mor da igreja de São Roque cumpre uma dupla função. Colocados a par das imagens dos quatro santos jesuítas que ocupam habitualmente os nichos dos altares das igrejas da Companhia de Jesus (os fundadores Inácio de Loiola e Francisco Xavier, o terceiro geral Francisco de Borja e o jovem Luís Gonzaga), representam os frutos da missionação dos jesuítas no Japão encetada por Xavier e aqui espelhada em três mártires japoneses. Por outro lado, num ambiente de polemica contra-reformista, os mártires do Japão atestam a autenticidade do catolicismo como herdeiros dos primeiros mártires cristãos da igreja antiga. Martirizados em 1597 em Nagasaki os três jesuítas japoneses foram beatificados trinta anos mais tarde em 1627 por Urbano VIII e vieram a ser canonizados em 1862 por Pio IX num grupo de 26 mártires de outras ordens e irmãos leigos.



