Cerâmica de inspiração budista
A dinastia Ly (1009-1225) deu um grande ímpeto à cerâmica do Vietname. Os reis Ly promoveram o Budismo, construindo um grande número de pagodes. Tanto na arquitetura como na cerâmica, o motivo da pétala de lótus associado ao Budismo, foi amplamente adotado, e as cerâmicas em grés branco vidrado, revelam grande delicadeza e pureza de linhas.
Cerâmica do Sudeste Asiático
O estudo da cerâmica no Sudeste Asiático é um campo relativamente recente, que tem evoluído consideravelmente nas últimas décadas. Novas pesquisas continuam a revelar informações importantes sobre locais de produção, evolução tecnológica, estilos artísticos e redes comerciais.
O nascimento de um pais
A partir do século XI e durante 400 anos, esta região é governada por dinastias locais, a Dinastia Ly (1009-1225) e a Dinastia Tran (1225-1400), permitindo o nascimento do Die Viêt, um país cuja estrutura civil e militar é profundamente inspirada pela cultura chinesa, sem abdicar de uma identidade original, consolidada através de diversas estratégias políticas e culturais.
O Budismo, por exemplo, desempenhou um papel fundamental nesse processo. À semelhança do que aconteceu na Europa medieval, foi nos mosteiros, centros de conhecimento e administração, que os dirigentes vietnamitas encontraram os futuros funcionários régios e os intelectuais que imprimiram à cultura vietnamita um caracter verdadeiramente original.
É nesse contexto que podemos apreciar algumas das cerâmicas expostas nesta sala, concretamente o conjunto de peças monocromáticas, em branco, de grande beleza e simplicidade, que transmitem a serenidade da espiritualidade budista.
Observe-se este bule, uma peça em grés, moldada com argila de grão fino e esbranquiçado de alta qualidade. O vidrado apresenta um tom branco leitoso, a textura é suave, com brilho translucido e toque sedoso.
A decoração é relevada, com pétalas de lótus na tampa e no colo, o bico tem a forma de uma makara, criatura mitológica e a tampa remata com um botão de rebento de lótus.
Para além desta cerâmica em branco, ou branco-marfim, a coleção apresenta-nos outras peças de grande beleza, delicadeza e valor, devido à sua raridade e fragilidade.
Nesta taça, por exemplo, o vidrado de cobre ou titânio permitiu uma coloração de um verde profundo e misterioso. No interior podemos apreciar uma decoração concêntrica, animada com delicados veados e motivos florais.