VASO TSUBO

Pote

Grés, vidrado natural Fornos Tokoname Período Muromachi, séc. XVI Inv. CA-CFC.415

Vaso

Este imponente jarro, de aparência tosca e imperfeita, que numa perspetiva ocidental poderia ser rejeitado como uma peça sem mérito, evoca nos japoneses uma quase reverência. Porquê? Não é, certamente, pela simetria das suas formas, nem pela decoração delicada. A sua beleza reside precisamente na irregularidade e na imperfeição que o definem.

Alessandro Valignano, missionário jesuíta no Japão do século XVI, registou o seu espanto perante o elevado valor atribuído a peças como esta. Na sua correspondência com Roma, relata que um governante local lhe mostrou um pequeno recipiente de cerâmica tido com uma raridade, uma peça que o sacerdote consideraria, à época, apropriado apenas para servir de bebedouro a pássaros!

Foi no século XVI que a vila costeira de Tokoname, se destacou pela produção de jarros de grande porte, conhecidos como tsubo. Criados para armazenar e transportar cereais, estes jarros eram moldados com argila rica em ferro e queimados em fornos anagama a elevadas temperaturas. Este processo criava superfícies cobertas por esmaltes de cinzas naturais, escorrências, deformações, resultando em padrões e texturas irregulares, peças irrepetíveis, o resultado entre a ação humana e a natureza.

Alinhados com a estética wabi-sabi, inspirada pelo Budismo Zen, estes jarros refletem uma filosofia profundamente enraizada em todos os japoneses e que encontra beleza na simplicidade e no imperfeito, valorizando a transitoriedade da existência e a ligação ao natural.

Cerâmicas em grés

Até ao século XVI, a cerâmica de luxo era importada da China e da Coreia, sendo muito apreciada pela aristocracia e pelos xoguns. Os fornos locais especializaram-se na produção de grandes quantidades de artigos utilitários em grés, tais como potes e vasos de várias dimensões, em fornos como os de Shigaraki, Tokoname, Echizen, Tamba e Bizen.